Porém o mais interessante da visita ao local foi a visualização, aos fundos do Morro de São Bento, da área aonde será construído o Museu do Futuro e uma inevitável comparação com o passado.
O mosteiro, construido na época da escravatura tanto negra como indigena não deixa de ser um simbolo de ostentação pela quantidade de ouro utilizado para sua ornamentação.
O Museu do Futuro, tem sua riqueza no discurso eco sustentável e uma tecnologia politicamente correta que tentam justificar algo que nem é necessário devido a beleza e inteligência do projeto.
Incrustado em uma Bahia de Guanabara totalmente poluída e na área da Gamboa onde surgiu a primeira favela do Rio de Janeiro , o museu compete em beleza com o de Niemeyer situado na margem oposta , em Niteroi.
Escravos negros libertos por lutarem na Guerra do Paraguai no sec XIX, sem ter aonde morar se instalaram nos morros -veja na foto - situados ao fundo da área do museu.
Assim se iniciou a favelização do Rio de Janeiro
O design e tecnologia da obra propõe a sintonia com a natureza, mas o visual contrasta com a degradação e pobreza da área.
Os painéis superiores da cobertura abrem e fecham comandados pelas necessidades térmicas.
Lembram as lindas borboletas brancas da mata atlãntica ou a planta sensível ao toque como disse o autor do projeto.
Então tá, mas nem a poesia das formas e o discurso do projeto suplantam a realidade da poesia do sábio e atemporal Thiago de Melo no seu poema Na Manhã do Milênio ,
"... De que valeu,
se hoje, manhã deste milênio novo,
avança, imensa e escura, bem na fronte,
a marca suja da miséria humana
gravada em cinza pela indiferença
dos que pretendem ser donos da vida;
calada avança uma legião de crianças
deserdadas do pão e todavia
capazes de sorrir: maior milagre
do século que findou..."
Fantástico que governo e parceria privada financiem uma obra de 130 milhões e que será palco de um grande evento internacional, Forum Mundial da Criatividade em 2012 .
Seria mais fantástico ainda se primeiro usassem este dinheiro para despoluir as águas da Baia de Guanabara e criassem condições de sobrevivência para os inúmeros mendigos, crianças e famílias que vivem sob marquises e caixas de papelão no centro da cidade.
Sem esta solução no presente não vejo muito futuro neste Amanhã.
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